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Era uma casa portuguesa com certeza
Era uma casa portuguesa com certeza. Era com certeza, uma casa portuguesa
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Não lembro mais se havia duas rosas no jardim, se existiam já não existe mais. Os que ali chegavam, não entravam pela porta social, entravam pela via de serviço, pois faziam parte daquela casa, eram considerados como filhos. Chegavam mesmo a levar broncas, da matriarca daquela casa, a Dona Yvone.
E o cheirinho de alecrim estava substituído por cheiros do Boticário, quando surgia uma nova modalidade de perfumar o corpo, perfumando o ambiente. Era naquela casa que os amigos faziam os últimos retoques para então, sair para uma balada. E o cheiro do Boticário se espalhava pela casa. A lembrança da época das lambadas. A partidas saiam daquela casa, com a volta no dia seguinte, na responsabilidade de chegar com o pão e o jornal. A imagem de um santo em azulejo, poderia estar no alto da fachada. Não se olhava para o alto, o destino era o interior da casa.
As paredes não eram caiadas, já que estavam sempre bem pintadas. Duas mulheres no comando da casa, providenciaram para que a casa estivesse sempre muito bem cuidada e sempre asseada. A casa tinha o comando de Maria Inês e a que era chamada carinhosamente de véia Yvone, pai e mãe daquela casa, onde Inês fazia par com Manoel. Eram os Alves Gomes.
Outras Marias também frequentavam casa; Walter grande e um Walter pequeno. Tinha gente de bairros distantes e de querências fora dali, com a presença constante de um gaúcho. Havia inclusive um par de gregos, e duas ou três primas. Beijos e abraços estavam sempre a espera. Angélica e Leopoldino, também fizeram parte da história. Todos da COMASA eram próximos. Regina e Solange faziam estadia.
Se alguém ao chegar, alguma comida fumegava na tigela ou no fogão, logo era convidado a sentar à mesa. Nas festas de final de Ano, era naquela casa, que os amigos ocultos se articulavam, e ali aconteciam as trocas de presentes. Na mesa da ceia, a gastronomia portuguesa estava sobre a mesa. Da bacalhoada à rabanada; das frutas secas ao arroz com polvo. Pão e vinho sobre a mesa. Era com certeza uma casa portuguesa.
O Sol reinava muito além da primavera, com raios incidentes em uma piscina. E uma caipirinha, em um frasco de boca larga, e com tampa, era sempre preparada, bem gelada para suportar o Sol. Circulava como um cachimbo da paz, e por outras vezes flutuava. Por algumas vezes junto à piscina acontecia um churrasco. Ali aprendemos a dosar o Cloro, e controlar um Ph; aspirar, drenar, decantar e filtrar. Nem tudo era diversão, houve muito aprendizado.
Não há como esquecer de uma festa Dark, certa vez que a matriarca havia viajado. Sem a presença da véia Yvone para reclamar de todos vestidos de preto e das tochas acesas em volta da piscina, com as luzes apagadas. Mas logo a festa foi se reduzindo, a partir do momento que os vizinhos chamaram a polícia, reclamando do barulho.
Naquela casa, aos sábados pela manhã, era o dia da mulherada contratar os serviços de manicures. Rodadas de partidas de buraco, sueca, mexe-mexe, mau-mau, aconteceram naquela casa, de tarde ou de madrugada. E também não dá para esquecer de um cardápio de madrugada, onde não participava. Descobrimos depois na casa de Leila e Denise. O ataque na dispensa e na geladeira, terminou com cerveja e cream cracker.
Foram saberes e sabores oferecidos por aquela casa. A casa ficava em um grande quintal, começando no Galeão e terminando no Bananal.
Era com certeza, uma casa portuguesa
Em 27/12/2016